Uma visita muito especial

Parte 06 de 08

Em um dos meus muitos encontros com minha médica mastologista, ela comentou sobre um grupo de apoio a mulheres com câncer e perguntou se poderia passar meu contato. Achei interessante e afirmei que sim, mas não esperava que alguém entrasse em contato comigo. Dias depois, escuto alguém gritando lá da sala “telefone para você”. Ao atender, escutei do outro lado da linha uma mulher de voz mansa que, ao se apresentar, disse fazer parte de um grupo de apoio e perguntou se poderia vir me visitar. Sem saber o que esperar, eu disse que sim.

Maria Helena chegou e, em poucos minutos, parecia que nós já nos conhecíamos. Ela me contou como foi difícil vencer o câncer de mama, falou sobre fé, sobre perseverança e ainda me ensinou alguns truques, como beber suco de couve para diminuir os enjoos e passar gosma da babosa na mama para diminuir o escurecimento na radioterapia. Ouvir as histórias de alguém que conseguiu vencer levantou minha autoestima. Dias depois daquele encontro, eu comecei a fazer parte do grupo de apoio para ajudar outras mulheres e também ser ajudada.

Agora mais confiante, resolvi me preparar para voltar ao trabalho. Na segunda-feira seguinte, acordei bem cedo, deixei o Pedrinho na escola, dei uma carona para o Mauro e segui para o escritório. Ao chegar no escritório, recebi um banho de água fria no meu entusiasmo. Meu superior, achando que estava fazendo uma coisa boa, me informou que não era preciso que eu retornasse, que eu deveria voltar para casa e repousar. Continua terça-feira.
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Giovanna Gabriele – Médica Mastologista (11 3071 1812)

Sem cabelo e sem vontade de sair

Parte 04 de 08


No início de cada sessão do tratamento (quimioterapia), eu sentia que meu mundo ia acabar em náuseas, dor de cabeça, dor no corpo e muito enjoo. Passei a dormir de 12 a 14 horas por dia. Ficava com o corpo molenga e só o Pedrinho me tirava da cama. O tempo foi passando e fui percebendo que precisava encarar o tratamento como minha cura e não como algo que iria me destruir. Neste momento, a minha fé e o apoio da família e dos amigos foram fundamentais para eu manter o foco.

Acordar e notar o travesseiro e a roupa de cama cobertos de fios de cabelos tornou-se uma dura rotina, até que resolvemos cortá-lo de vez. Com a máquina de cortar cabelos do Mauro, eu mesma comecei passando na cabeça, depois o Mauro e até o Pedrinho se aventurou como cabeleireiro. Meus sentimentos se misturavam na alegria de estar em família e na tristeza de perder meu cabelo.

Após alguns dias, o Mauro lembrou que se aproximava a celebração de casamento de um casal muito querido por nossa família e que nós tínhamos sido convidados. Quando soube, eu fiquei completamente angustiada, não estava preparada para ir a um casamento sem meu cabelo. O Mauro até tentou conversar comigo, mas nem o deixei falar, por mim já estava decidido. Continua Terça-Feira
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Retirada da mama

Parte 03 de 08


Minha mãe chegou trazendo com ela muitos presentes, coisa de mãe. Não era tão comum ela estar conosco já que morávamos em cidades diferentes. O Pedrinho estava eufórico com a chegada da avó, não parava de falar e correr. Não me lembro de ter um momento em que ela se mostrou fragilizada por minha doença, sempre me jogou para cima com suas palavras de amor e fé.

Com uma postura acolhedora e compreensiva, minha médica mastologista informou que seria necessário retirar a mama. Naquele momento, minhas lágrimas caíram, meu esposo segurou forte minha mão, e juntos ouvimos que a primeira etapa da reconstrução da mama seria realizada na mesma cirurgia, o que me deixou um pouco aliviada.Em casa, no banheiro, passei um tempo a observar meu corpo no espelho e percebi que não podia abaixar a guarda, que era um recomeço.

A cirurgia foi um verdadeiro sucesso, fora a minha ansiedade e nervosismo, tudo correu muito bem. Eu estava ótima até o primeiro banho. Com ajuda da minha mãe fui até o banheiro e o que vi não era eu, as cicatrizes, o novo formato, a falta de sensibilidade na nova mama. Mais uma vez desabei em lágrimas, minha mãe permaneceu em silêncio e minhas lágrimas se misturavam com a água que caia do chuveiro. Sexta-feira continua.
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Tudo começou no banho

Parte 01 de 08


Era uma manhã quente, saí do quarto no escuro sem abrir as cortinas ou acender a luz para não acordar Mauro, meu marido, o que foi em vão, pois Angelina (nossa cachorrinha) aproveitou a porta aberta e, como de costume, subiu na cama e começou a lamber o rosto dele. Enquanto preparava o café e separava o lanche de Pedro (nosso filho de 5 anos), eu já organizava mentalmente o meu dia.

Depois de deixar Pedrinho na escola e Mauro no trabalho, fui direto para academia. Após 40 minutos de esteira, corri para casa para tomar um banho e restava fazer algumas tarefas domésticas antes de ir ao escritório trabalhar. Debaixo do chuveiro, envolvida em um mix de ensaboamento e massagem, senti um carocinho na minha mama direita. Na hora que senti, eu gelei, como se uma coisa me dissesse algo sério. Eu sempre me cuidei muito bem e sabia que esse caroço poderia ser algo a se preocupar. Eu tentei não ficar paranoica e pensava: “você só tem 38 anos, logo é muito improvável ter câncer de mama”.

À noite, já na hora de dormir, eu comentei com o Mauro a respeito do assunto. As palavras dele, com aquele ar de quem sabe de tudo, foram exatamente estas: “não deve ser nada de mais”. Fui dormir pensando nisso e, na manhã seguinte, comentei com minha mãe ao telefone e ela praticamente me obrigou a ir ao médico. E, assim, o fiz: liguei para o médico e marquei a consulta. Sexta-feira continua.
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